|
As Aventuras de Mongy Alves Sapal Capitulo 4: em que tropeço sobre o Rhett na selva e ele nos ensina sobre óleo de palma Por Christa Maas O ventilador de teto estava se empenhando muito para combater o calor e manter a temperatura agradável. Eu tinha escutado o ruído repetitivo dele a noite inteira, mas tinha conseguido dormir razoavelmente bem apesar do ar quente e úmido, típico do clima tropical de Borneo. Tec, tec, pula, pula, tec, pula. tec, tec, pula, pula...Naquela manhã, ainda antes do amanhecer, outro ruído alem do já conhecido som do ventilador me acordou. -Mongy, eu quero dormir! supliquei — Pare de pular nas pás do ventilador! Mongy desceu com um pulo ousado e pousou confortavelmente no meu tórax. -Mas é importante! Insistiu. -O que é importante? Resmunguei ainda meio dormindo e pouco interessada, já que eram somente 04h30min da madrugada. - Eu tenho que perguntar tantas coisas para o Ringo. Respondeu o meu pequeno amigo da família dos anfíbios determinados. Ele não tinha parado de falar do nosso novo amigo, o Orangotango Ringo Tang desde que havíamos saído da selva na noite anterior. Eu sabia que o Mongy não me deixaria dormir mais naquela manhã, e relutantemente me levantei e fui em direção ao chuveiro. Para os leitores que nunca viajaram como eco-turistas gostaria de destacar que um ventilador de teto é muito luxuoso, mas um ventilador de teto e ainda um chuveiro com água quente são considerados o máximo em luxo que se pode esperar e eu não iria perder a oportunidade de aproveitar este raro privilégio antes voltar para a selva. Enquanto isso, Mongy ficou sentado no chão, curtindo o vapor da água quente e quase conseguiu conter a sua impaciência. Bem, como disse, ele quase conseguiu. - Você ainda não terminou? Perguntou várias vezes seguidas. — Podemos ir agora? Finalmente? Ele não parou de me pressionar até que tinha engolido meu café de manhã às pressas. -Não se esqueça de levar meus biscoitos de comida de peixe! Lembrou, e assim partimos para o nosso encontro com Ringo Tang no Parque Nacional de Tanjung Putting. Ringo já estava sentado na plataforma de alimentação, comendo o seu café de manhã de bananas e frutas Rambutan sem qualquer pressa. Ele ignorou o Mongy totalmente quando ele começou a incomodar ele também com a sua pergunta eterna: -Você já terminou? Impaciente como sempre, Mongy começou a pular de novo e Ringo piscou os olhos e sorriu. -Ah, crianças! Alguns jovens orangotangos estavam balançando contentes nas árvores, pulando de galho em galho. Quando eles viram aquele objeto verde pulando ficaram curiosos, e começaram a inspecionar o sapo, cutucando ele com grande curiosidade. Agora, aquilo era demais para Mongy! Rapidamente, ele se refugiou dentro da minha mochila e continuou espiando cautelosamente de vez em quando. -Ringo, eu quero te perguntar algo - disse uma pequena voz abafada do bolso mais fundo da mochila. — e é muito importante! Eu quero saber sobre as plantações de óleo de palma. Porque os ser humanos destroem a selva só para plantar essas árvores estúpidas? Você disse que é por causa do dinheiro, mas eu não entendo! Mongy detesta quando não entende algo. -Bem disse Ringo — Eu sou somente um Orangotango e você está me perguntando algo que somente um ser humano pode responder, e teria que ser um ser humano muito esperto! Mas tem um ser humano assim em Borneo neste momento e se pedimos ajuda dos meus amigos na selva, tenho certeza que nós conseguiremos achá-lo. Eu não podia imaginar quem este ser humano poderia ser, mas eu tinha aprendido que os animais conhecem todos os amigos do meio ambiente e também estava curiosa. Isso, o Mongy e eu temos em comum. Partimos então para uma caminhada longa na selva. Você já fez isso? Sim? Então você sabe tudo sobre carrapatos, pernilongos, sanguessugas, bolhas nos pés, folhagem densa que tem que ser cortada com machetes, plantas venenosas e muitos outros perigos que te aguardam na selva. O calor pode te desidratar muito rápido e te deixa exausto. Naturalmente, Mongy não tinha nada a reclamar. Ele aproveitava o conforto da bolsa do fundo da minha mochila ou pulava na minha cabeça que estava protegida por um chapéu. A selva é seu lar e ele gosta do clima tropical. Havíamos caminhado algumas horas quando chegamos a uma pequena clareira com um riacho e uma cachoeira. Eu não hesitei, queria me refrescar logo e parti em direção à cachoeira quando o Ringo alertou: -Cuidado, você vai tropeçar nele! Tarde demais. Eu caí de bruços bem ao lado de uma pessoa camuflada que estava tirando fotos com a sua câmera. -Olá! Disse eu, completamente pega de surpresa. -Olá- respondeu ele igualmente surpreso — eu não sabia que você estava em Borneo, Christa. Eu me levantei e estiquei o meu corpo dolorido para olhar quem era aquela pessoa que aparentemente me conhecia. Rhett Butler! -Então você deve ser o ser humano que o Ringo quer apresentar para nós. Já estamos seguindo você à manhã inteira, mas não imaginei te encontrar desta maneira. Oh, me desculpe, quero te apresentar o meu amigo Mongy Alves Sapal e eu acho que você já conhece o Sr. Ringo Tang? Antes de o Rhett poder ter respondido, Mongy, que tinha sido lançado do meu chapéu quando tropecei, chegou com pulos gigantes e disse, ofegante e com grande urgência: -Eu realmente preciso te perguntar algo muito importante...e é sobre óleo de palma... e eu tenho esperado a manhã inteira... e nem tomei café da manhã...e agora não posso esperar mais! -Mongy Alves Sapal! Que falta de educação! Foi a minha bronca para ele. Mas Rhett sorriu e disse: -Sim, Mongy Alves Sapal, eu entendo a sua impaciência. O assunto realmente é urgente. Não somente para Borneo, mas também para o seu próprio país tropical, o Brasil. Sentem-se Mongy e Christa. Olá, Ringo, que bom ver você de novo! Eu vou contar tudo que sei sobre óleo de palma: "Certos tipos de palmeiras produzem uma fruta vermelha grande rica em óleo. Depois de refinar, este óleo pode ser usado para muitos produtos, por exemplo, óleo em alimentos como chocolates e bolachas, cosméticos como maquiagem e até o biodiesel usado em vez da gasolina. As árvores são chamadas de Palmas de Óleo e produzem muito mais óleo do que outras plantas oligeneas. Um hectare produz sete toneladas, muito mais do que uma área do mesmo tamanho plantado com soja, milho ou canola. Por causa desta alta rentabilidade, vocês podem pensar que o óleo de palma é uma solução para a crescente falta de óleo com base de petróleo e o efeito estufa causado pela queima destes combustíveis e o conseqüente aquecimento global. Mas, na verdade o óleo de palma já está criando grandes problemas especialmente nas florestas tropicais da Malásia e Indonésia. Em 2007, quase 88 por cento da produção mundial de óleo de palma veio da Malásia e da Indonésia. Muitas destas plantações estão em áreas já estabelecidas para agricultura por muitos anos, e alguns estão localizados em áreas onde a selva foi destruída para o cultivo de óleo de palma. Os ecossistemas ameaçados pela expansão de óleo de palma são as florestas tropicais e as regiões turfosas (material vegetal decomposto) dos pântanos. Estas regiões agem como esponjas, retendo água e evitando enchentes. Turfa também retém grande volume de carbono, e quando estas regiões são drenadas carbono é liberado e reage com o ar criando dióxido de carbono, um dos gases responsáveis pela efeito estufa. A turfa também queima facilmente e aumenta o perigo de fogos incontroláveis. A destruição da floresta tropical para dar lugar a plantações de óleo de palma também aumenta o efeito estufa. E o pior é que as plantações suportam muito pouca biodiversidade. -O que é uma bio-diver-cidade? Perguntou Mongy. É biodiversidade, Mongy, escrito com "s", e quer dizer todos as diferentes plantas e animais que vivem e crescem dentro da floresta. Se você destrói as florestas, estas plantas e animais terão que se mudar ou morrem e você não achará mais a mesma biodiversidade em outro lugar. As plantações de óleo de palma são nocivas para os animais selvagens e especialmente para os que estão sob risco de extinção, como a família dos orangotangos a que pertence o Ringo, ou o rinoceronte ou o tigre da Sumatra e o elefante miniatura (pigmy) do Borneo. Todos eles estão sendo ameaçados pelas plantações de óleo de palma. - Mas então o que podemos fazer? Perguntou Mongy. Rhett continuou: Primeiro, nós devemos conhecer o óleo de palma e o seu impacto sobre o meio ambiente. Podemos prestar atenção nos rótulos dos alimentos e produtos de casa e de repente nós percebemos o óleo de palma em muitos produtos do dia a dia. Somente a pressão do consumidor pode forçar a indústria a reduzir o impacto sobre o meio ambiente. Alguns líderes de indústrias já estão se empenhando a plantar "óleo de palma sustentável", que não destruirá a floresta tropical e os animais. Uma vez que as novas normas estão estabelecidas podemos escolher estes produtos e assim forçar os outros produtores e as indústrias a criar produtos ecologicamente corretos e "verdes". Outra maneira de ajudar e apoiar as ONG's que estão tentando salvar os animais e os seus ambientes naturais, por exemplo a Orangutan Foundation International [article] e a Borneo Orangutan Survival Foundation. -É a fundação da professora-disse Ringo completamente envolvido. —Ela salvou a minha vida! Ela é a minha heroína! Rhett tinha terminado de contar o que sabia sobre óleo de palma e Mongy estava finalmente satisfeito. Falamos sobre a importância de contar tudo isso para as crianças do Brasil, o lar de Mongy Alves Sapal. Rhett explicou para Mongy que ele era um cientista ambiental e estava tirando fotos para o seu site ecológico www.mongabay.com. Ele realmente é muito dedicado em tentar salvar as florestas tropicais que sobram no mundo e a biodiversidade que está diminuindo. Mongy estava encantado: -Parece com o meu nome! Mongabay.com" Mongy riu. -Eu quero trabalhar para o seu site também! -Você já está! Riu Rhett. -Christa e eu estamos publicando as suas histórias para que todas as crianças do mundo os possam ler. - UUUHUUUUU! -gritou Mongy. — eu sou o mais famoso sapo ambientalista científico do mundo inteiro! -Oh, não- suspirei — Lá vai o pula-pula de novo! Mongy continuou sua dança de chuva com grande entusiasmo e quando finalmente se acalmou ficou muito pensativo.. -Christa, eu tenho uma pergunta, - suspirou ele, me encarando com uma expressão muito preocupada —as bolachas de comida de peixe contem óleo de palma? - Não, Mongy, não contém. Você sabe que eu sempre leio todos os rótulos! - Ufa, que alívio! Eu já estava começando a ficar preocupado! Capitulo 1: O primeiro encontro com o Mongy Capitulo 2: Onde aprendemos tudo sobre a família de Mongy Alves Sapal Capitulo 3: Em que conhecemos Ringo Tang |
As Aventuras de Mongy Alves Sapal Os Heróis do Meio-Ambiente Florestas tropicais úmidas
|
|
©2008 mongabay.com |